13 de março de 2011

Para Eles



Por Clarissa Corrêa

Escrevo para você, que acha que entende tudo de sexo. Você pensa que sabe lidar com todas as mulheres. Pois eu digo: não sabe, não, seu bobalhão. Pensa que é esperto, só por que tem anos de revistas de mulheres peladas nas costas, multiplicados por anos de videozinhos pornográficos ,somados a anos de trepadas de uma noite.
Para começar, esqueça aquele papo de que mulher adora palavrinha de amor antes de transar. Para levar uma mulher para cama você não precisa ser romântico. É claro que mulheres amam pequenas delicadezas, velas aromáticas, massagens com óleos e flores, mas toda mulher adora uma palavra firme, um sussurro, uma baixaria dita baixinho no ouvido, pegada forte e segurança. Homem tem que ser homem. Entende essa frase? Não somos o sexo frágil, não. E queremos – de verdade - que vocês mostrem o quanto são fortes. Não é para dar soco, tapa e chute, sexo não é luta livre. Mas aposte numa boa puxada de cabelo e total virilidade.
A socióloga Camille Paglia disse uma frase que acho ótima (em resposta a todo esse movimento para transformar os homens em pessoas cheias de nhéin nhéin nhéin): “Eu diria para os homens: fiquem de pau duro! E para as mulheres: lidem com isso!”. Toda mulher quer um pau duro. Duro, não, beeeeeeem duro. O pau duro para a mulher é um troféu, uma prova de que ela é poderosa, excita o homem, enlouquece o cara que está com ela, é a prova de que naquele momento é a única criatura capaz de fazer com que o pau fique duro. Bem duro.
Como eu já falei outras vezes, as mulheres querem ser únicas até o fim. Somos criadas para isso. Crescemos ouvindo a Cinderela, que tinha o príncipe. E é claro que a Cinderela encantou o príncipe. Somos criadas para encantar, somos feitas para atrair o sexo oposto. Somos bichos, queremos um pau duro. Queremos deitar e rolar com o pau duro. Queremos nos aproveitar do pau duro. Queremos mostrar para o mundo todo que somos capazes de deixar um cara aos nossos pés. E de pau duro. Insisto no pau duro, pois ele é a representação mais do que clara de que somos realmente irresistíveis.
Achou distante essas afirmações? Qual a primeira pergunta que uma mulher faz quando você não transa mais com ela? Você está me traindo? Está comendo outra pessoa? Perdeu o tesão por mim? Perdeu o interesse? NÃO ME AMA MAIS? É exatamente isso: se o cara não manifesta mais nenhum tipo de tesão, a mulher pensa que o amor acabou. Por quê? Porque queremos um homem sempre de pau duro. O pau duro representa, além de vontade, desejo, amor. Sabe por quê? Porque se vocês dois se beijam, se abraçam, riem, se divertem, dançam juntos, contam segredos, andam de mãos dadas, mas não trepam, a mulher nunca pensa que é uma fase (sim, temos fases. Uma hora transamos mais, em outras menos), e sim QUE VOCÊ NÃO AMA, QUE NÃO QUER MAIS, QUE ACHOU OUTRA. Sempre relacionamos uma coisa com a outra. Mesmo que as duas coisas nunca tenham se cruzado na vida.
Uma mulher quer ser admirada. Notada. Vista. Despida. Com os olhos, com as palavras, com a boca, com os dedos, com tudo. Muito elogio, muita admiração, muito olho no olho, muita sacanagem no ouvido. É isso que uma mulher quer. A gente não quer só tirar a roupa e partir para o sexo. A gente quer carícia, beijo no pescoço, baixaria, puxada de cabelo, ousadia, proposta indecente. É isso: indecência. Amor e indecência. Não necessariamente nessa ordem.
Você, que acha que entende tudo de sexo, preste bem atenção: você não sabe nada. Homens e mulheres são diferentes e todos nós sabemos disso. Homens são mais visuais. Mulheres se excitam com palavras, mãos, gestos e um fantástico sexo oral. A maior parte dos homens se acha mestre nessa arte, mas, cof, cof, desculpem, vocês não sabem de nada. Neste caso, a pressa é INIMIGA MORTAL da perfeição. A força não é bem-vinda. Tenha jeito. Muito jeito. Treine com um pote de iogurte, se for o caso. Mas treine. Treine muito. Um bom sexo oral desarma qualquer mulher. Ficamos completamente desnudas. Em todos os sentidos. E aí, meu amigo, podemos realizar todas, todinhas as suas fantasias.

2 de fevereiro de 2011

MINUTOS




Talvez o amor seja mesmo como catapora. Você tem uma única vez na vida e, pronto, 
nunca mais acontece de novo. Aí alguém vai dizer “Ah, eu tenho um sobrinho que já 
teve catapora duas vezes”. Bom, então reformulando: talvez o amor seja como a catapora
que seu sobrinho não teve. Ou talvez eu esteja ficando velho e aí a pessoa começa a
amar menos e se preocupar mais com trabalho, saúde e iptu. Seja como for, acho 
que desaprendi a amar. Acho que todas as pessoas nascem com uma cota de amor e eu, 
que sempre fui intenso com tudo na vida, acabei gastando a minha antes do tempo. 
Resultado? Quando eu disser que te amo, não acredite. Quando eu te chamar pra 
jantar, pra viajar ou pra tomar um vinho de noite e você, por alguns minutos, pensar 
“poxa, acho que ele está gostando de mim”, por favor não acredite. Quando eu disser 
que você tem um sorriso bonito ou que eu acho lindo como seus olhos ficam apertadinhos 
toda vez que você acorda, blargh, é mentira. Falsidade em estado puro. Provavelmente 
eu nem vou chegar ao ponto de dizer isso, porque me tornei incapaz de qualquer 
demonstração de amor. De hoje em diante quero ser um cafejeste. Um cafajeste 
honesto, com toda certeza. Deixarei bem claro, já no primeiro dia, que meu único 
interesse será um beijo e uma noite de amor. Não quero saber seu signo, não quero 
conhecer seus amigos, não quero te pegar no curso de francês. De você, quero apenas 
47 minutos. Afinal, depois que se conquista uma mulher que até então relutava em ceder, 
depois que se enfrenta sua insegurança, seu receio e toda sua resistência, o que mais 
se pode querer com ela? É chegado então o momento de partir para a próxima e para a 
próxima e para a próxima. Não vou amar mais com o coração, deixarei essa função 
para os rins. Não vou mais escrever cartinhas à mão, nem fazer viagens de surpresa. 
Não vou ter mais músicas de Chico no meu playlist. De agora em diante é só Wando 
e Calcinha Preta. É claro que isso só vai durar até o dia em que eu encontre alguém. 
Alguém que eu finalmente ame de verdade. E como o mundo costuma ser vingativo, 
vou passar dias sofrendo quando descobrir que tudo o que ela queria comigo, eram 
apenas 47 minutos.

1 de dezembro de 2010

SLOW MOTION

"Ando devagar porque já tive pressa e levo esse sorriso porque já chorei demais. Hoje me sinto mais forte, mais feliz, quem sabe?! Eu só levo a certeza de que muito pouco sei, ou nada sei." Almir Sater e Renato Teixeira



Sempre vi essa música como lema da minha vida, mas, de fato, ela ainda não era. Só se a canção falasse "ando devagar porque quando eu corri, tropecei e sofri consequencias inesquecíveis" Sim, caros amigos, um breve resumo:

Saía eu de Buenos Aires, voltando das férias, num vôo que deveria ter saído as 9h50, mas só saiu ás 12h45 para chegar em Montevideo e tomar outro vôo para São Paulo. Quando soube do atraso, soltei os cachorros com a "já-era-moça" da empresa Pluna, que me garantiu que se eu perdesse o voo por causa deles, eles me encaixariam num outro vôo ou pagaria as consequencias...então pra que correr? mas eu corri. Corri tanto dentro daquele aeroporto que, estabanada que sou, caí e a queda foi feia. Perdi o vôo, não por causa do atraso da empresa aérea, mas por causa do socorro médico que precisei. Fui pra uma clínica de fraturas caríssima quando nem existia mais saldo no meu cartão de crédito, veja isso! E descobri que tinha sido uma fratura na articulação, necessitava de uma cirurgia de emergência.

 

Volto pra casa,perco o fim das férias em Sao Paulo depois de tanto perrengue faço a cirurgia e descubro que nao só fraturei uma articulação como rompi com um dos ligamentos, ou seja 50 dias de repouso e mais seis meses de fisioterapia pra TENTAR recuperar os movimentos. Além de tudo isso dependendo de todos de casa pra tudo e todos os dias sonhando que estou lavando meu próprio cabelo ou que estou numa micareta, atrás de um trio elétrico "jogando as mãos pra cima e batendo na palma da mão" oi? é..parece que essas pequenas coisas vão esperar. Aliás, todos os planos que a gente faz no fim do ano vão ter que esperar.

 

Estava eu, conversando com uma amiga, a qual eu já combinava de juntar bagunças em Sao Paulo, sim, porque estava nos meus planos ir pra lá em 2011, quando chegamos a conclusão de que esse incidente foi só uma mensagem de que era necessário aquele timming, aquela reflexão obrigatória antes de qualquer mudança na vida, aquele alerta de que não adianta correr e ser impulsiva pra recuperar o tempo perdido. Até hoje, muito do que tenho na memória de "coisas pra esquecer" foram consequencia da impulsividade sem sutileza, digna de uma pessoa ansiosa, prestes a completar 30 anos e chegar, enfim, a serenidade balzaquiana.

 

Olho atentamente pra minha listinha de promessas para 2010 e vejo que nao realizei nem 30% dela, afinal a lista tinha mais de 50 itens alguns com prazos longos, bem longos, que uma hiperativa como eu não conseguiria esperar...é que até pra fazer planos pro futuro eu fui impulsiva. Agora, faltando 30 dias pro fim do ano, 29 pro meu aniversário, chego a conclusão de que minhas promessas de ano novo se resumem a uma só meta: Ter calma e viver um dia de cada vez!


7 de setembro de 2009

I Want to be Alone


Yes. Pode parecer chocante eu pagar de Greta Garbo e gritar loucamente “I Want To Be alone”, mas é tão simples essa minha vontade quando se passa a semana inteira na correria e enfim chega um feriadão, meus pais viajam, minha irmã faz o mesmo com filha e namorado e eu fico em casa abandonada, comendo comida requentada em microondas. Quem lê até pensa “tadinha dela!”, mas se quer imagina que estou em êxtase.
O pouco tempo que morei sozinha me fez achar que o silencio é meu barulho preferido, principalmente porque trabalho numa sala onde o ar condicionado faz barulho de caminhão com motor velho fazendo força pra subir ladeira carregado de cana. Os meus momentos solitários são tão raros que quando acontecem, fico sem saber por onde começar, quero ligar o som nas alturas ouvindo uma música que me faz dançar, ligo a TV e começo a reservar compulsivamente todos os programas nas próximas 16 horas, tento começar a tal faxina que há meses venho empurrando com a barriga, tudo em vão. Eu sempre caio na cama e fico namorando o Morpheu, ouvindo nossa música preferida: silêncio. Até que o telefone toca...e eu percebo que não quero ser igual a Greta Garbo, mas que é fundamental ser feliz sozinha.

5 de junho de 2008

Toda carrie tem o Mr. Big que merece ( só pra quem assiste a série)




É fácil identificar porque o quarteto nova-iorquino faz sucesso no mudo todo. Tem personagens de “Sex and the city” espalhadas por todo lugar do mundo, até por aqui, por onde eu vivo, bem no meio do interior pernambucano, terra de cabra macho, e lugar onde mulher tem que casar e se passar de 22, fica logo falada. Pois é, fiquei!

Mas não quero falar sobre minha síndrome de Carrie nem de nenhuma das minhas heroínas preferidas cosmopolitans da série e sim sobre o tão insistente Mr. Big.
Pra quem não conhece a trama o Mr. Big interpretado pelo ator Chris Noth, é o grande calo no sapato da personagem principal, a Carrie Bradshaw ( Sarah J. Parker), em pelo menos 10 anos, já se perdeu a conta de quantas idas e vindas o casal teve, idas e vindas que incluem encontros “só como amigos” até os do tipo “comendo amigos”.

É nesse ponto (comendo amigos) que quero chegar. Parece que todo mundo na vida já teve o seu Mr. Big, lembrando que o Mr. Big não é o grande amor da vida de ninguém, ele pode ser o Mr. Inesquecível seja por qualquer motivo: amor, bom de cama, bom de lábia, bom de olhar, ou ate mesmo se ele for o Mr. Problema. Afinal, quem disse que mulher gosta de casos simples de se resolver?

No meu caso, o meu “Mr. Big” seria traduzido simplesmente como “Mr. unforgettable”. Ele não foi o meu grande amor, mas é um sujeito bom de lábia que reaparece sempre que minha vida parece estar no eixo. É um tal de ficar de perna bamba só de receber uma mensagem de SMS que diz simplesmente “estou por perto!” que me faz esquecer todos os compromissos e responsabilidades.

Para esse tipo de doença não há antídoto a não ser o choque, e no meu caso esse choque veio em forma de balde de água fria: enquanto há dias esse ser me faz achar que tudo se tratava de um revival, ele estava com a “Natasha” dele e bem feliz, mas sem a mísera intenção de me deixar em paz.

2 de abril de 2006

Além do que se vê



À PSEUDO MULHER MODERNA


À bem da verdade, não sou essa mulher fatal que você pensa que eu sou. Aquelas histórias de sedução foram todas inventadas e esse ar superior, de quem sabe lidar com a vida, é apenas autodefesa.
Aquelas frases filosóficas, foram só pra te impressionar, pra te passar essa ilusão de intelectual... na verdade eu ainda nem sei se acredito nos valores que me ensinaram, quanto mais em frases feitas e opiniões formadas!

Senta aí, vai! Deixa eu tirar os sapatos, desmanchar o penteado, retirar a maquiagem... quero te mostrar que assim de perto não sou tão bonita quanto pareço, por isso uso todos esses artifícios.

É que no fundo tenho um medo terrível de que você me ache feia, de que você encontre em mim uma série de imperfeições.Sabe, não quero mais usar essa máscara de mulher inatingível, de mulher forte com punhos de aço... No íntimo me sinto uma pequena ave indefesa, leve demais para enfrentar o vento, e, deseja ficar no aconchego do ninho e ser mimada até adormecer.


Olha pra mim, às vezes minha intimidade não tem brilho algum e você terá que me amar muito para suportar essa minha impotência.Deixa eu tirar o casaco, tirar o cansaço... essa jornada dupla me deixa tão carente... A convicção de independência afetiva? É tudo balela! Eu queria mesmo era dividir a cama, a mesa, o banho... Queria dividir os sentimentos, os sonhos, as ilusões... um pedaço de torta, uma xícara de café, algum segredo...


Ah, eu tenho andado por aí, tenho sido tantas mulheres que não sou! Quantas vezes me inventei e até me convenci da minha identidade. Administrei minha liberdade. Tomei aviões, tomei whisky... troquei a lâmpada, abri sozinha o zíper do vestido... decidi o meu destino com tanta segurança! Mas não previ que na linha da minha vida estivesse demarcada uma paixão inesperada.Agora, cá estou eu, vinte e poucos anos e toda atrapalhada, tentando um cruzar de pernas diferente, um olhar mais grave, um molhar de lábios sensual... mas não sei direito o que fazer para agradar.Confesso que isso me cansa um pouco.


Queria mesmo era falar de todos os meus medos, "dos seus medos?" você diria, como se eu nunca tivesse temido nada. Queria te falar das minhas marcas de infância, dos animais que tive, do meu primeiro dia de aula... queria falar dessas coisas mais elementares, e te levar na casa da minha mãe, te mostrar meu álbum de retrato (eu, me equilibrando nos primeiros passos), ah, queria te mostrar minha primeira bicicleta, com truques. Ela ainda existe! Queria te mostrar as árvores que eu plantei (como elas cresceram!) e todas essas coisas que são tão importantes pra mim e tão insignificantes aos outros.


Ah, você queria falar alguma coisa? Está bem! Antes, só mais uma coisinha: estou morrendo de medo que você saia desta cena antes de mim, que você saia à francesa desta história, e eu tenha que recolocar minha máscara e me reinventar, outra vez.